"O que ele fala é responsabilidade comum da sua vontade"
Entre versos e personagens, resolve abdicar de lembranças que satisfazem condições fugazes da realidade. Outro dia ao elaborar a fala de Rodrigo pensou em fazê-lo um homem errôneo nas questões sociais. Mas qual homem muitas vezes não torna-se errôneo quando maltratado pelas angústias do coração e, resolve abrir a janela e visualizar o mundo de outro jeito. Passados alguns anos, lembra muito das tardes ensolaradas, quando andar pelas calçadas, era apenas sujar os pés brancos em chinelos encalacrados. A xícara de café, balança com o balanço do mezanino onde escreve. A noite apenas começa, antes de descansar os olhos fragilizados das horas passadas do dia. Rodrigo atravessa a praça, coloca-se a olhar o céu, sabe que naquele mesmo espaço, instantes depois, estrelas começarão seus passos celestiais. vitrine toda moldada, traz preços da liquidação passada. A perfeição da conjugação do passado o faz voltar e olhar mais atentamente sobre a vitrine que esconde cenas vistas por aqueles olhos compenetrados de arbitrariedade. As imagens são partes de uma seqüência nada linear, onde o complemento fica proposto à imaginação. A porta do bueiro mal encaixada, quase o faz cair. Meninos e meninas alvoroçados de distração passam correndo ao seu lado. Naquele instante jurou ter visto uma estrela dourada, que anteriormente tinha visto no céu. Isso não existe, você está muito enganado, estrelas não correm pelas calçadas da cidade, disse um retirante do grupo de meninos. A extensão da imaginação são seus olhos, sem a imaginação, nada representa muito, além daquilo que os cílios permitem. O personagem não cabe mais nesse mundo. Abdicou das lembranças. Enquanto prepara a fala de Maria Eduarda, pensa em como propiciar um final mais feliz para Rodrigo. Talvez, seja mais conveniente deixa-lo recluso mais tempo desse mundo.
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