domingo, 22 de novembro de 2009

O começo do fim


- Escuta seu filha da puta: não fiz nada disso, é tudo invensão sua. Ainda nua e com as sobras de peso se expondo sobre as coxas roliças. Os olhos avermelhados do salgado convertendo-se em sobras.

- Veja aqui. Apontando para os cd´s de rock que foi trilha musical por um longo tempo. Quebrou um a um, e ainda com a denúncias de seu corpo ainda imperfeito, resolveu mais uma vez chamá-lo de filho da puta.

Vestiu-se. Reuniu as poucas coisas que a mantinham ali naquele apartamento e saiu. Ao chegar em casa, entrou de meias para não acordar os pais. Começou a dedilhar lentamente sobre o teclado - por mais que a vontade fosse de extravasar. "É tudo culpa sua. Nunca tive motivos para fazer nada. Agora pergunto: quem você vai amar? Se ainda me ama, eu sei..." - cortou o email pelo começo e foi para o banheiro. Chuveiro ligado e pela última vez na noite o chamou de filha da puta, desta vez apenas movendo os lábios. A àgua avermelhada corria para o ralo. Na brancura de suas coxas mais vermelho vertendo. Os pais acordarem já não era mais o maior problema.