sábado, 19 de setembro de 2009

amor de letras



- amor
Disse com inebriante voz, soltando docemente as vogais abertas.


- final
Terminou como um cachorro latindo.






















sábado, 12 de setembro de 2009

À espera




A
pós vastos anos de tablado, maquiagens e interpretações - frontal ao teatro, condecorada com flores verdadeiras - a homenagem.


Saudades eternas.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Gineceu



Com duas horas no relógio – os ponteiros romanos na onomatopéia indiscreta. Ao solfejar do vento, balançando as cortinas de pernas cegas – pisou no tapete. A sinestésica plumagem conflitava com modelos de cartas – deixadas abaixo dos poros amassados.

Na aura da janela do apartamento, enxergava o nublado da tarde vespertina – plúmbea e úmida.

Inerentes ao meio fio, flores, um rio de pétalas – sonhos para beber, prestações indolores para perceber.

Quando sentiu a falta do jornal – lembrou da independência.


Sete de setembro, feriado nacional.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Leves silêncios

I

A puta desgrenhada avançou sobre as costas do velho mendigo. Tudo certo - disse a senhora de cigarro na boca. Sou a puta de ontem.

II

As mãos atadas não puderam reagir. Um pouco mais estaria casado.


III

Deitada ao lado dele sentia o coração acelerado com a mão entre os seios - a outra folhava um romance sujo de um sebo.

IV

- Maria? A voz embasbacada soltou a dúvida - a bolacha ou a minha?

V

Há dias sentia a imensurável rotina incomodando. Chegou ao bar, pediu uma coca-cola - na sua camiseta uma estampa de Stalin.