Maria Clara sempre procurou não apenas satisfazer seus artefatos em retratar a vida em simples fatos, como os vendidos em classificados de bancas de jornais. Cansada dos acordos e modismos da sociedade, resolveu abdicar dos pudores, e resolveu não usar valores demasiados, quando tratar-se de assuntos conectados aos instintos mais permitidos, conjugados em sensações além de simples batimentos cardíacos.
Outrora, quando percorria as páginas de um romance, deparou-se com á vida de uma personagem, que ao primeiro instante causou-lhe repúdio, mas confortada pelos goles quentes do café preto, conseguiu entender o espírito e as justificativas para tentar ser mais fiel á vida. Após finalizada á leitura, voltou-se para suas pernas, á certo modo pálidas, acompanhantes de suas mãos brancas em contrastar com os belos e longos cabelos pretos. Debruçada sobre a janela, observará o mundo que passava rapidamente pelas avenidas da cidade, sem notar, que em uma outra janela, do outro lado da rua, escondia-se um senhor, não observante da avenida, mas sim dos requisitos logo abaixo ao pescoço de Maria Clara. Certamente mais um dos tantos homens, enferrujados pela vida promíscua, rastejante pelas escadas de tantas casas enciumadas de dissimular lares, onde o afeto resignado extrapola os limites de ver o mundo, entre as paredes do seu apartamento, apenas. A vida que corre ao longo das ruas, esquinas e calçadas da cidade, não imagina, ou mesmo acredita não imaginar, que encontros, limitados por pudores, são controversos á razões do coração. Maria Clara, já imagina, um afeto bem distante da libertinagem do último amanhecer, antes do sol colocar-se como espelho, de passos apressados em troca de sentimentos, que lacrados perderam sentidos, ganhando ouvidos do senhor vizinho. E, um dia imaginou-se no papel de mãe, mas ao pensar na possibilidade de assistir o passado vestindo o futuro, desistiu e continuar á apenas tripudiar seus momentos ímpares em grande partes das vezes.
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