quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Cigarro na mão esquerda

"Sentiu vontades nunca exploradas"


O itinerário parecia estar correto, sentado em um banco gélido, buscava conseguir desprezar o vento interesseiro em tentar atrapalhar o prazer de acender o seu cigarro de palha. Após riscar por algumas vezes o palito de fósforo, resolveu atender a vontade de libertar fogo. Não sorriu, nem mesmo mudou sua fisionomia, cansada, além dos anos de trabalho pesado em lavouras de café do norte do estado. O chapéu que usava, tinha um tom branco, mais amarelado na aba, por conta da fumaça instigante do seu cigarro. Entre um trago e outro, escutava uma mulher falante, talvez sua memória combalida pelas longas horas de exposição ao sol, não ofertassem saber ao certo quem era a mulher.banco já ocupado por mais gente e uma meia dúzia de sacolas, assistia á cena, talvez encenada, seria um grande retrato do teatro. Um velho aposentado com seu cigarro de palha, segurado entre os lábios centrais, escutando uma mulher que parecia falar com as mãos e, um menino, com dentes de leite, á brincar com algo que segurava entre os dedos anestesiados da espera entediante da rodoviária. Naquele ambiente de certa forma caótico, estreiavam sentimentos saudosos. O velho, não levantou-se, mas agora sabia quem era a mulher que gesticulava de forma exacerbada. Não fosse um pensamento distante da inércia daquele lugar, não iria reconhecer o encontro do passado, sonorizado pela felicidade, em sentir o presente com gosto de futuro em ter a filha mais nova por perto. O cigarro não findava, passou a mão calejada sobre a cabeça do menino sentado, ainda á brincar com as mãos, descobriu ser seu neto. O ônibus não chegou. A viajem atrasou. O que importava atrasar, quando os relógios estiveram parados por muitos pensamentos distantes da realidade.vida na cidade seguiu adiante, com alguns casais apaixonados á passear de mãos dadas e, outros verbos para serem conjugados.

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