quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Singularidades vespertinas



"prazer foi omitir a mentira disfarçada nas primeiras tardes de verão"


[...] Com o acumulo da água das últimas chuvas fortes de verão, o caos se perverteu para amassar a fatia mais insana do pensares mais humanos. O latido do cachorro afônico, após uma noite de festas revela o quanto os quereres foram mais insanos. Prazer foi omitir a mentira disfarçada nas primeiras tardes de verão. Sentou-se para olhar a chuva, deixou a água passar embaixo dos seus pés, com a mão esquerda segurava o guarda-chuva, e a mão direita, pinçava um cigarro de filtro fino, herança esta oriunda dos filmes britânicos da década passada. Os olhos enxergam mais que simples imagens, percorrem as pernas, encantos e pudores iconoclastas da modernidade. Logo sem pedir licença, nem entender muito de progresso, chega um senhor, que pede um cigarro, sem muito social, solta o guarda-chuva e busca a carteira e entrega-o. Tinha certeza que o momento era único, e naquele plano de chuva, guarda-chuva, cigarro, caos e modernidade, o retrato figurava como resultado de ser cena da realidade. Não pode continuar sentado, a chuva aumentou a força, e os deveres o recrutavam para mais uma tarde. Após, dentro de casa, sentiu, que aquela cidade não era seu lugar, precisava logo mudar de ares, para não enfartar.

Nenhum comentário: