Segurou a caneta, como quem fizesse uma prece, olhou para o teto - começou a escrever. Não usou vírgulas, nem tampouco, pontos finais - os finais nunca são iguais para precisar de pontos finais - pensou.
A respiração ofegante ficava, a medida que a caligrafia preenchia uma linha mais. O suor começou a escorrer pela testa e desceu até seu olho esquerdo - castanho. Piscava mais rápido, que escrevia. Sentia-se melhor, quando percebeu já tinha quase uma página inteira - todas sem vírgulas. Não entregou a carta à quem desejava.
Estes dias voltou a segurar a caneta - o suor na mão a deixou apenas começar - soletrando:
- Duas letras para escrever o seu nome, muitas outra letras para esquecê-lo.
Começou a usar vírgulas, pontos finais, escrever seu sobrenome - sem precisar respirar.